Olá, sou o Murilo Aquino, morador de Guarulhos-SP periférico, formado em logística e, atualmente, estudante de Gestão de Políticas Públicas da EACH/USP LESTE. A crise humanitária estancada pela proliferação da COVID-19 no Brasil, sobretudo, onde resido, na periferia de Guarulhos, trouxe transformações e mudanças radicais tanto em minha vida pessoal, quanto na minha vida profissional. Tendo trabalhado durante 7 anos no setor logístico de uma empresa multinacional fabricadora de embalagens plásticas industrias, logo no inicio da pandemia, em fevereiro de 2020, fui demitido, mediante a crise que atingiu a organização. A rotina fora deste ambiente da qual atuava desde os 15 anos, provocou-me sensações distintas, das quais, o apoio familiar, juntamente com os amigos, foi necessário para minha resiliência diante da adversidade sofrida.

Não obstante, nesse mesmo período, meu pai, máximo provedor de recursos financeiros, juntamente a mim, perdeu seu emprego, da qual atuava no setor aeroportuário. Com recursos econômicos limitados, diante do desemprego que nos afetou – por cinco meses – , reduzimos o consumo ao máximo, sobretudo, alimentício, de modo a minimizar os impactos refletidos pela crise pandêmica. O auxilio emergencial do governo, juntamente com o seguro desemprego (este concebido apenas a mim), resguardou-nos do pior.

Dentro deste contexto, insiro a dificuldade coletiva da comunidade onde resido em Guarulhos, em manter um padrão estável de vida,mediante a demissão em massa que eclodiu, sobretudo, a classe abastada do capital. Diante das dificuldades urbanas que permeiam as comunidades, sendo eu, uma pessoa com olhar critico nas relações que acontecem na comunidade, percebi um grande fluxo de pessoas tanto em estado de miséria – pedintes – , quanto um grande contingente de pessoas que agiam de maneira que parecia não haver de fato uma crise humanitária mundial ocorrendo.

Após os cinco meses em que eu estive desempregado, pude presenciar pouco, mediante o respeito pelo momento delicado que a crise perpassava. Após retornar ao mercado de trabalho em Agosto, presenciei de fato a influência negativa que o estado estabelece na sociedade, quando desvaloriza uma situação de calamidade pública. A imprensa, por muitas vezes omissa no papel de representar as verdadeiras dificuldades vivenciadas pela comunidade periférica, atuaram de forma positiva neste contexto, ao evidenciar o descaso do estado com a sociedade.

Ao retornar ao mercado de trabalho, como dito anteriormente, pude presenciar o estado omisso em relação a mobilidade urbana. A redução massiva da frota de ônibus, por exemplo, além de ter colaborado com a proliferação da covid-19, aumentou o tempo de deslocamento das pessoas do trabalho para casa e vice-versa. O estado foi omisso, sobretudo, pela presença negativa do atual chefe do executivo, na sua relação comunicativa com a sociedade. Os inúmeros ataques, enviesados e distorcidos, permitiu o agravamento, portanto da crise. Diante da necessidade capital – ocultando a negativa influência do estado -, as pessoas foram as ruas, mantiveram sua rotina, sequelando a necessidade global de paralisação por completo. As limitações, impostas pelo governo estadual, portanto, embora necessárias, por muitas vezes foram negligenciadas nas comunidades, mediante a necessidade de sobreviver em meio ao caos. O estado, com grande parcela de culpa, portanto, influenciou negativamente na relação da sociedade com a natureza, mediante a atuação distorcida do sugerido internacionalmente pelas comunidades sociais.