Sou morador da periferia de Guarulhos e trabalho como profissional autônomo. Assim como eu, vários amigos e familiares são autônomos, não pelo dito “espírito empreendedor” mas sim pela necessidade de sobrevivência devido ao desemprego generalizado. Essa condição de não ser CLT agravou os problemas durante a pandemia, somando ao problema sanitário um desespero psicológico e financeiro.

Eu particularmente fiquei 8 meses sem nenhuma renda e não consegui me “beneficiar” do auxílio emergencial. Houveram programas de fomento para CNPJ, porém, assim como várias políticas públicas, o pobre não teve acesso, pois como critério deveria comprovar um alto faturamento no último ano, o que é fora da realidade dos autônomos da periferia. Os milhões de reais destinados para as empresas não incluíram quem mais precisava. A desinformação e negligência vinda do Governo Federal foi determinante para o agravamento da crise, causando milhares de mortes que poderiam ter sido salvas. O atual presidente foi eleito pela maioria e dentro da periferia em que vivo muitos acreditavam no que o presidente dizia, e não respeitavam as recomendações científicas para melhor controle da pandemia.

Considero que na média as mídias mais populares não trataram da realidade da periferia e contribuíram para a desinformação, não só opinando erroneamente mas também dando palco para quem questiona absurdamente a ciência.

Para mitigar as dificuldades acredito que as políticas públicas deveriam ter sido de baixo para cima, ou seja, assegurar que a classe trabalhadora não fosse passar fome, não fosse despejada por não pagamento de aluguel, isso já traria uma tranquilidade psicológica à população. O controle seria mais eficiente com a informação correta e responsável. Isso seria o mínimo a ser feito de imediato! Depois existem inúmeras ações possíveis viáveis que não foram tomadas.