Sobreviver a Pandemia da covid-19 foi e tem sido um imenso desafio. A principal dificuldade inicialmente vivenciada por mim e de pessoas próximas foi conciliar o isolamento social e trabalho. Meu pai teve redução salarial, apesar de ir presencialmente para o trabalho; amigos e conhecidos perderam os empregos e dependeram do auxílio emergencial. Estes conhecidos e amigos que continuaram trabalhando acabaram sendo infectados, em um momento em que não haviam vacinas. Até o momento de me imunizar, não houve nenhum dia de plena segurança ou de alguma sensação de bem estar. Eu sentia nos meus ombros o peso da responsabilidade de que meus pais não fossem infectados, já que eles fazem parte do grupo de risco, bem como ajudar nas contas de casa, ou de improvisar o fechamento do mês com freelas e bicos para saldar dívidas. Por parte do Estado, dois aspectos foram perceptíveis que tiveram um impacto na minha comunidade, apesar de alguns problemas: o auxílio emergencial e o atendimento de saúde pelo SUS. O auxílio emergencial foi vital sobretudo no primeiro ano da Pandemia, mas conhecidos tiveram problemas para renovarem seu acesso ao auxílio. Mesmo sobrecarregado pelas internações, meu pai conseguiu continuar o seu tratamento de problemas cardíacos sem nenhum obstáculo ou dificuldade. No entanto, é fato que o governo brasileiro poderia ter feito muito mais que isso, pois perdi pessoas próximas que poderiam estar vivas neste momento. Faltou por parte dos governos terem ampliado e estendido o acesso ao auxílio emergencial, ter aumentado a busca por vacinas, ter aplicado barreiras sanitárias e Lockdown e ter buscado conscientizar a população pelo uso de máscaras e distanciamento social.