Me chamo Amanda, sou estudante de história da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP) e moradora da zona leste da capital de São Paulo. A pandemia causada pela COVID-19 foi um enfrentamento muito difícil tanto fisicamente quanto psicologicamente, principalmente, para a classe trabalhadora que perderam seus empregos ou tiveram que enfrentar todos os dias o risco de serem contaminados pelo vírus. Para muitas famílias periféricas nunca existiu o “isolamento social”, porque sempre foi necessário trabalhar para sobreviver. Meu pai é motorista de ônibus e eu só pude ficar em isolamento com ele durante 30 dias, além disso, minha mãe perdeu o emprego próximo ao período de isolamento. A minha história não é muito diferente de tantas outras famílias que tiveram que se arriscar para garantir o sustento de suas casas.

Nesse mesmo período eu fazia parte do projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais (DASP) ligado ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP). Eu e os meus colegas do grupo de pesquisa realizamos um censo em torno das periferias da USP- Butantã e USP- Leste. O nosso trabalho também foi impactado pela pandemia que dificultou o processo de encerramento e análise dos dados levantados, mesmo assim houve muitos esforços por parte de todos envolvidos no projeto para monitorar e acompanhar as comunidades recenseadas.

É impossível olhar para realidade de grande parte dos brasileiros e os números de óbitos que tivemos (e ainda temos na atualidade), sem culpar as políticas públicas praticadas durante esse período. Além de perder os nossos amigos e parentes também tivemos que aguentar a propagação da desinformação (praticada pelo Governo Federal) que estimulava desde o uso de remédio não eficaz até a não utilização da máscara.