Breve testemunho do MNU/SC- Movimento Negro Unificado sobre enfrentamento a pandemia de COVID-19.

O MNU/SC, organização política de combate ao racismo nacional a 43 anos, e em Santa Catarina a 29 anos, tem seu trabalho calcado nas comunidades negras quilombolas e periféricas urbana, e que há muito vem alertando e lutando contra o racismo estrutural e institucionais promovidas contra nosso povo intensificadas com as políticas racistas implementadas a partir do golpe de 2016, aprofundadas pela crise promovida pela pandemia de COVID-19. Em SC atuamos e 10 comunidades quilombolas e 3 comunidades periféricas na Grande Florianópolis. Estamos em um governo que demonstrou publicamente e institucionalmente os seus descasos com o povo negro e quilombola. Neste sentido as condições vividas pelo povo negro durante a pandemia se assemelharam a escravidão.

Por um lado as organizações de saúde diziam “fiquem em casa”, de outro lado a base da pirâmide trabalhadores/as autônomos/as, diaristas, entregadores/as enfim, sem trabalhar não recebiam nem para comer. A saúde organizava as medidas para conter a pandemia e critério de isolamentos e cuidados para uma população com moradias e saneamentos precários incompatíveis com as medidas anunciadas, eram impossíveis de serem aplicadas na realidade da população negra brasileira, na sua grande maioria. Ao nos depararmos com esta situação, recorremos aos órgãos governamentais estaduais e municipais para atendimento aos mais necessitados, como a sugestão de espaços para isolamento as/aos contaminadas/os, ao suporte alimentar e acompanhamentos. Como integrantes do CONSEA/SC- Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, provocamos desde MPF – Ministério Público Federal, DPU- Defensoria Pública da União e DPE – Defensoria Pública Estadual, para que intervissem junto ao governo estadual e federal para assegurar o direito e garantia de alimentação as famílias. Foi neste contesto que começamos a conversar com apoiadores e construímos um grupo de militantes sociais apoiadores financeiros ou com cestas básicas tomamos a seguinte posição:

A) O arrecadado investir em cesta básicas e kit de limpeza, mascaras e e álcool gel, para distribuição aos mais necessitados;

B) Em diálogos com profissionais propusemos ampliar e participar do Grupo Escutação, já existente, para que atendesse pessoas afetadas psicologicamente pelo causado da pandemia.

C) Também discutimos e orientamos as comunidades com as quais trabalhamos, para a solidariedade interna de acolhimento, estrutura e alimentar.

D) Participação no Observatório COVID-19 promovido pela ABA- Associação Brasileira de Antropólogos.

As dificuldades foram muitas inumeráveis, as mais recorrentes:

1- Dificuldade de atendimento na saúde, o SUS fez um grande trabalho, mas a redução de médicos prejudicou os serviços.

2- Impossibilidade de isolamento devido, ás pequenas e sobrelotadas moradias;

3- Dificuldades financeiras com o “Fique em casa”

4- Falta de saneamento, agua, luz e até mesmo remoção de muitas famílias de ocupações;

5- Dificuldade de locomoção visto que aqui em SC, várias empresas de transportes suspenderam os serviços totalmente por 3 meses.

6- Desrespeito também com a cultura na despedida de seus entes queridos, esteve presente nad comunidades quilombolas e tradicional de matriz africanas; A imprensa e o estado se mantiveram em total silenciamento diante das dificuldades apresentadas, a remoção de famílias das ocupações demonstra que estavam preocupados com os empresários não com o povo naquele momento catastrófico. Somente com ação do MPF e DPU, que houveram algumas ações, insuficientes para a demanda, após quase um ano de pandemia.

As pautas de políticas públicas são as grandes demandas das comunidades, que nestes governos não tem sido atendida também considerada desafios a serem alcançadas pelas comunidades. Para mitigar ou resolver as dificuldades enfrentadas na pandemia, faz-se necessário governos que escutem e encaminhem as demandas sociais, e desta forma ampliar e implementar as políticas públicas estruturantes prioritárias nas áreas de saúde, saneamento, moradia, educação e assistência social. Reaja a violência Racial!

Movimento Negro Unificado /SC