Testemunho: Lucas Melo
Moro na região do Capão Redondo, mas especificamente durante a pandemia morei na região do Ângela. Uma das maiores dificuldades minhas vivenciadas foi ver que o isolamento social em minha região não existiu, ao andar na rua com mascará me sentia até mesmo subjugado, por ser algo que não participava de nossa realidade, pois em nossa região se fossemos parar, nos isolar e ficar em casa, passaríamos fome, angustia, e desespero.
A sensação de segurança nunca houve, principalmente pelo meu pai ter de ir trabalhar em hospitais todos os dias, não podia parar ou algo do gênero para receber algum tipo de auxílio, até porque este auxílio em nossa região foi algo que só virou discurso e nunca realmente chegou na prática. Nenhuma medida estadual, federal foi tomada para poder lidar com a pandemia em minha região, a única ajuda que tínhamos era do povo ajudando o próprio povo, tentado repartir o que tinham em casa para tentar mantermos bem. Ainda hoje o Capão Redondo ele é mal visto pela sociedade em geral, tanto pela imprensa midiática, quanto ao próprio povo que mora em São Paulo ou até em outros estados, Capão Redondo é sinônimo de maldade e crueldade, sendo que nós somos nós, não temos essa maldade exacerbada como muitos dizem, ou assassinatos a cada hora, minuto.
As políticas públicas só existem para fazer meia dúzia em seis ovos em minha região, reformam escadões para ganharem votos em época de eleição e ponto. E para ajudar na época pandêmica em minha região, os auxílios, a ajuda e os meios deveriam ter sido preferenciadas para regiões periféricas, não ter sido dispostas a todos que queriam, pois esse auxílio poderia ter salvado vidas de milhares de pessoas, porém era algo que sendo realistas, era inexistente.