Testemunho: Bruno Queirós
Na pandemia ainda morava com meus pais, tava planejando a minha mudança, que só deu certo pós pandemia, morava no Jd Irene. Não trabalhava remoto, mas com o isolamento, acabei trabalhando de casa, e isso foi um puta privilégio. Meu pai, varredor de rua, trabalhou nos primeiros meses, mas depois ficou uns meses em casa, e por pressão do governo, teve que voltar pra rua, isso falando de uma pessoa com mais de 60 anos de idade, que por sorte e seguindo todos os cuidados, não contraiu COVID.
Na quebrada dava pra perceber que não mudou muita coisa. As pessoas precisavam ir trabalhar pra continuar garantindo o sustento, mas com muitas empresas aderindo pro remoto, muitos comércios fecharam, e não dá fazer home office quem trampa de cozinheiro ou na limpeza. A ajuda do governo com o auxilio emergencial demorou, mas veio, não o suficiente pra quem precisava. Os mercadinhos da quebrada colocando os preços lá em cima, e quem precisava de comida no prato tinha que fazer milagre. Ainda sinto alguns efeitos do isolamento, principalmente psicológicos, mas com certeza, quem mais precisou do estado nesse momento, a ajuda foi pouca e não o suficiente.